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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ensaio aberto do tempo parado, por Therence Santiago

imagem: Persistência da Memória, Dali.

Ultimamente tenho andado muito de metrô, a cada dia novas experiências acontecem, o interessante de se estar triste é que você fica desesperado para preencher os pensamentos com qualquer coisa que seja, daí a razão dos meus intermináveis exercícios de observação. Quando percebo o que esta em minha volta, sinto sensações diversas, as pessoas falam o tempo todo, todo tempo, muitas vezes- expressão suas emoções em seus silêncios. Quando andamos muito de metrô é inevitável contarmos o tempo, entre uma estação e outra, entre uma baldeação e outra, em fim, o tempo, sempre o tempo. Todos meus próximos me dizem que com o tempo minha tristeza ira passar, falam que ‘tudo passa’, mentira, nada passa, as cicatrizes que adquirimos na vida existem de fato para mostrar que nosso passado foi real, e se o resgate dessas lembranças se dá no presente, é sinal que ainda latejam. No caso em especifico das minhas tristezas e desespero, sei que o que sinto agora durara para sempre, o tempo não vai apagar nada, pois, penso que o tempo de fato é uma criação humana que intui gerar controle, Jung chamaria essa ideia de que o tempo apaga tudo de recalque, o qual se transformaria em uma sublimação. Queremos que o tempo apague as coisas, mais ele não apaga, as esconde em um lugar qualquer da mente, compensa as tristezas e frustrações com qualquer porcaria de sensação raza e momentânea de prazer. Se estivermos atentos de verdade, a sensação que vem depois desse pífio prazer, é simplesmente um enorme vazio, que novamente nossa ‘inteligente’ mente recalca de novo, e de novo, e de novo. Não quero recalcar porra nenhuma, na realidade não sei se quero algo agora, sei que pela primeira vez estou realmente perdido, sem saber de certo o que pensar. Fico vagando no trem do metrô admirando o tempo ‘passar’ e percebo que o tempo realmente segundo o poeta não para, pois, ele de fato nunca existiu, é simplesmente um projecção da nosso errada ideia de esperança....

obs: esse quadro - persistência da memória é perfeito, tudo sempre é exactamente igual, uma merda!!!!

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