Um brinde ao atrevimento, a compulsão,
a poligamia, a sedução, a permissão e a loucura. Viva Foucault em sua doce
amargura, na qual em momentos de euforia agredia com maestria toda a regra que
faz com que a gente se esqueça de praticar a humanidade. Existe uma vã razão efêmera
que domina, no entanto, os tempos mudaram, pelo menos em parte, e isso já é um
bom negócio. Hoje podemos de maneira um pouco mais livre buscar e representar a
nossa essência mais primitiva. Segue um pouco do pecado original;
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
In,
Retomo esse espaço com uma única finalidade; ousar um pouco
mais, ter um pouco mais de liberdade. A grata ideia da comunicação implica em
expressão - muitas vezes, por questões morais, sociais e culturais, nos
expressamos pela metade. Penso que os tempos atuais trazem possibilidades mais flexíveis
em se tratando de questões estéticas. Pois bem, arrisco-me nesse espaço que já
é meu, ser o mesmo de maneira um pouco diferente. A palavra da vez é reinvenção.
Vamos lá então!!!
No pedaço mais doce do bolo a mordida se antecipa, dentes e língua entram em atrito com o chocolate de maneira bem lenta e sedenta. Vontade incontrolável de saciar tudo que nos falta, tudo que nos seduz, tudo que nos preenche. A gula é o meu pecado capital predileto. Tenho fome de tudo, de pele, de beijo, de saliva, de arrepio, de poesia, de fantasia, sinto sede de vida!
Que os Deuses da Antropofagia contemplem a pressa, a pressa em sentir tudo ao mesmo tempo, uma espécie de vontade incontrolável - como uma fome e sede voraz que quer comer e beber tudo de uma vez, que seja feito o poema do que somos, poemas de anjos dançando no bom pecado, que seja iluminado todo o beijo entre uma lágrima e outra, e que tudo realmente seja devorado pela necessidade de sentir e sentir novamente!!!!
É no beijo que tudo começa, é na boca em que tudo acaba...
É, de tantas perguntas e buscas em tantos livros, hoje percebo uma coisa! sem exageros - em toda minha carreira acadêmica e não acadêmica já li mais de mil livros; de filosofia, passando por antropologia, historia, física, literatura, poesia e outras coisas, enfim, percebo que o que aprendi realmente é que nada, mais nada mesmo importa, as perguntas são mais importantes que as respostas, e tudo que acreditamos ser verdade é verdade no tempo em que acreditamos ser, ou seja, a incrível ideia de dialética sempre predomina, por exemplo, uma data tão especial em outras épocas, pode se tornar uma data triste e melancólica no presente. Será essa a grande lógica da vida? Aprender pela dor? Aprender pelo amor? Ou os dois juntos? Ou no fundo e no final de tudo não aprender realmente nada? Será que a vida é um grande mosaico montado lentamente pedaço por pedaço de nós mesmos?
Privação, por Therence Santiago
O que é natural?
O que é normal?
Que parte do bolo devemos morder primeiro?
Entre sonhos bons e pesadelos, habitamos o meio,
Meio fio da navalha que corta, e o sangue que sangra,
Tem cor e cheiro de medo,
Pois, somos treinados para o bem!
E sem olhar a quem, queremos sempre recalcar!
E nessa aparência criada da aparência mais distante do que somos,
Passa o tempo e o que percebo cada vez mais é a lógica perversa que tange a nossa existência aqui, talvez a influencia da escolha pela leitura dos pós – modernos exerçam esse efeito em mim, enfim, a questão é que na matemática negativa da vida, sempre estamos perdendo; perdemos sensações, amores, sabores, cheiros, pessoas, perdemos constantemente sorrisos!!
Realmente devam existir outras vidas em outros planos espirituais, pois, com certeza aqui - com raros momentos de exceção - é a materialização do inferno! O mais engraçado e engenhoso de tudo isso, é que sempre criamos justificativas e intenções atreladas a amenizar a dialética de tristezas que transitam pelas ruas da vida. Essa época do ano, por exemplo, fala-se de espírito natalino e de um novo ano, o mais engraçado é que entra janeiro e a rotina do cotidiano repleto de estranhamentos voltam com força, óbvio se manifestando em situações e circunstancias diferentes, no entanto, o enredo sempre é o mesmo! Com certeza estamos vivendo tempos difíceis, não que em outras épocas isso não tenha acontecido, o problema é que o labirinto está cada vez maior!
Sem remédio
Aqueles que me têm muito amor Não sabem o que sinto e o que sou... Não sabem que passou, um dia, a Dor À minha porta e, nesse dia, entrou.
E é desde então que eu sinto este pavor, Este frio que anda em mim, e que gelou O que de bom me deu Nosso Senhor! Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!
Sinto os passos de Dor, essa cadência Que é já tortura infinda, que é demência! Que é já vontade doida de gritar!
E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio, A mesma angústia funda, sem remédio, Andando atrás de mim, sem me largar!!
Tenho uma tendência para a melancolia, para a tristeza e de vez em quando até para a alegria. Engraçado como as pessoas criam justificativas diversas para escaparem da tristeza, é fato que vivemos culturalmente na sociedade do prazer - a qualquer custo temos que demonstrar a felicidade! Existem remédio...s diversos para acabarem com o tédio, com a sensação de dor e tudo mais, fato esse, que de certa forma impulsiona todos a responderem sempre em favor dos sorrisos, a qualquer custo, mesmo se a vontade verdadeira não for essa, estamos sempre sorrindo! Temos que colocar fotos diversas sorrindo, transpirando felicidade, mostrar para as pessoas que estamos bem, ai me pergunto, por quê? Do que realmente somos feitos? Isso pensando na essência, nas vontades e desejos mais escondidos nas camadas mais profundas da nossa existência.
Quais são nossos reais conceitos e preconceitos referentes a essas questões? O que sentimos na verdade? Vou colocar uma foto minha sorrindo abertamente no meu facebook e todos acharam que estou plenamente feliz! E isso me basta, mesmo se isso no fundo não me bastar nem um pouco!
Existe uma sensação que nos perturba, é uma vontade incontrolável de algo que não sabemos, a eterna insatisfação move a existência, e na consciência uma idéia de alma que invade o pensamento. Hoje sinto o tempo mais rápido, diferente, ele me apressa, não sei por que, só que meu relógio adota uma matemática contrária, minha psique se enche de nada!!!
Quem consegue de fato abandonar seus traumas? Deixar escondidas ou quietas suas angustias? A lógica perversa da vida humana tinge em turvos versos toda possibilidade de felicidade, é como uma equação que sempre da o mesmo resultado negativo, uma espécie de dialética da tristeza, sempre um ultimo gole, e o que sobra é sempre o copo vazio em cima da mesa, sem nenhuma utilidade!
Pedaços! Hoje vivemos pedaços, tudo creio eu - se mostra dividido, fragmentado, compartilhado, esquadrinhado. Foucault fala de uma política anatômica do detalhe, pois então, os detalhes hoje se apresentam muitos e conflitantes, vivemos em linhas tênues entre a alegria e a tristeza, entre a esperança e a desesperança, entre a expansão e o recolhimento, entre a razão e a loucura, tudo no meio, não de maneira imparcial, até mesmo porque vivemos em tempos de hiperealidades. Estamos postados exatamente no centro do furacão, girando loucamente, impulsionados pela chamada era dos sentidos, ou sentimos demais, ou não sentimos nada. Queremos produzir e liberar serotonina, endorfina, adrenalina e pea! Buscamos todo o tempo certo bem estar mental, certa sensação de prazer, quando não conseguimos isso naturalmente, buscamos as diversas drogas (as licitas e as ilícitas) que nos possibilite inundarmo-nos dessas substâncias, tudo em nome da chamada sensação de alegria, de bem estar, de felicidade; vivemos sem sombra de duvidas na era da felicidade, se ela não existe de fato, a fabricamos sinteticamente, e pedaço por pedaço de sensação de bem estar, montamos nosso mosaico existencial....
"O espaço é um corpo imaginário, como o tempo é um movimento fictício." Fonte - Tal Qual IIAutor - Valéry , Paul
Vivemos em um tempo realmente estranho, tempo de permissões e proibições, de contentamentos e descontentamentos, tempo de aproximações e distanciamentos. Nas ruas ultimamente ando observando muito as pessoas e vejo mundos e mais mundos se condensando, diluindo ou evaporando. Estamos em espaços entre espaços, atuamos entreatos, e na maioria das vezes sem perceber, intermináveis paradoxos, sentimos a vontade de potencia atrelada as inúmeras idéias que se encontram entre o sagrado e o profano.